domingo, 6 de fevereiro de 2011

“Se dominado ou se domino”


Em certa ocasião, no meu trabalho, uma pequena situação levou-me a refletir acerca da submissão do ser humano a certas situações. Aconteceu que, pegando uma folha de papel, na tentativa de cotá-la, sem levar em conta minha atitude perfeccionista, sempre o corte estava saindo errado, e já em uma atitude de raiva exclamei: “eu fui feito para dominar este papel e esta tesoura, eles não podem ser mais poderosos de que eu!” E foi desta situação que me veio o desejo de escrever nestas linhas situações que nos mostram que somos capazes de dominar diversas coisas. E perguntando a minha colega de trabalho se as coisas nos dominavam ou se nós as dominávamos, ela sutilmente respondeu que as coisas nos dominam. E então, será que podemos ser dominados?
Meus Caros, há certas ocasiões, que por conveniência, situação do momento, desinteresse, ou coisa parecida, acabamos sendo dominados. Pergunto, a internet é capaz de dominar? Posso até dizer que estou correto, ou não? Mas na verdade, fomos criados para dominar os objetos e as criaturas, assim como fala em Gênesis (Gn 1, 26-28), na criação do mundo. Mas não quero me deter a esta dominação outorgada por Deus, mas, dominações do nosso dia-a-dia. Voltando a falar da internet, está é uma situação que nos cabe deixar ou não ser dominado por ela, que é o mais provável. Acabamos que nos deixando envolver-nos pelas facilidades, distrações, atrações, prazeres e uma diversidade de coisas que obtemos da mesma. Mas saibamos que só vamos até onde desejamos e sonhamos ir, nada mais além de que uma vontade primeira.
Fiz questão de expor logo de início a questão do mundo virtual, pois é clara e real de uma dominação sobre nós. Mas na verdade, quero levar o não deixar-se dominar através de um jovem amigo meu, o qual partilho tão profundamente minha vida e amizade para com ele. Pois bem, antes de conhecer este meu amigo, através de outros amigos, conheci uma situação desta pessoa que me chamou atenção e despertou o desejo de sempre deixar que certas situações ou condições não nos torne submissos. É um jovem de 21 anos, portador de uma doença denominada epilepsia, que é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível, que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas (disritmia cerebral paroxística). Ao me contarem esta situação,  conhecendo-o, e ouvindo de sua própria boca que a epilepsia que lhe acompanhava não podia tomar conta de sua vida, ao contrário de ver pessoas que não tinha a coragem de dizer que era epilético, mas ele que tinha a autonomia de controlá-la, sem deixar que isso lhe levasse a se um coitadinho e necessitado de atenção. Vi que dele emana o desejo de ser mais de que qualquer situação. Vi através do seu jeito simples, que não havia nele traços de vergonha, mas sim um grande exemplo de coragem, serenidade e estimulo para muitos. Conheci pessoas que também passam por situações semelhantes, mas havendo ai uma diferença, eles deixavam que a doença se tornasse visível, por temer a chacotas e indiferenças, de ver que os outros os observam como o doentinho, o coitadinho.
Para mim, é interessante relatar um pouco desta história pelo fato de ver muitas pessoas e vidas destruídas por não terem a coragem de enfrentar situações difíceis, aparentemente irreversíveis, porém nada nos é impossível, acabando assim, entregando-se ao simples fato de um ser fraco e submisso às dificuldades da vida. Deixar-se envolver por uma atitude de coragem, é deixar que nada seja superior a você, e que em nada possa inexistir a possibilidade de luta, de fortaleza, de um ser que grita: “Eu sou uma força invencível em Deus e com os meus, criatura feita para dominar coisas e situações, desde que pareçam difíceis, deixando-se dominar pela força maior que vem de Deus, ou seja, que é Deus, e é através desta dominação que vem a coragem de uma luta constante. Nesta batalha o vencedor tem que ser EU”. Não deixe que nada sufoque o direito de viver constantemente a felicidade sem dominações. Viva, lute e veja que você é sempre mais. E fica uma questão que só você será capaz de responder e passar a viver a sua resposta: Se dominado ou se domino?

Art. 002 de 03 de Novembro de 2010
By Renato Ralph

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

“Onde o amor e a caridade, Deus aí está!”


Queridos Irmãos e Irmãs! Quão linda, expressiva e fortalecedora mensagem nos é transmitida através desta frase. Deus está onde se faz presente o amor, a caridade, sendo a mesma sinônimo de amor. Fiz questão de escrever esse artigo, pois todas às vezes tantas situações drásticas me leva a refletir: Deus está se fazendo ausente dos corações humanos ou o homem está deixando Deus oculto de sua vida?

Tendo em vista dois assassinatos que chocaram muitas pessoas neste final de semana, a de uma professora no município de Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, e de um Padre que atuava em um bairro da capital, assassinado na região norte do estado, levaram-me a refletir e escrever acerca da ausência do amor. Ausência de Deus na vida de muitos que se deixam conduzir pelo ódio, rancor, mágoa, frieza de coração, enfim, uma vida entregue ao mero desejo de fazer o que bem entende e deseja, sem olhar as consequências que seus atos trarão a tantas famílias, e até mesmo a tantas pessoas. Estas e muitas outras situações mexem profundamente com o meu interior. E acabo me enchendo de tantas perguntas: Onde está Deus? O que leva o homem a tanta violência? Como ficam pessoas depois de vidas tiradas; roubadas por mãos humanas? E você tem esses questionamentos também?

Meus queridos amigos e irmãos em Cristo, não sou psicólogo, não tenho muita formação, mas acima de qualquer formação, sou humano, tento amar, vivo, e desejo que pessoas vivam verdadeiramente felizes e em paz, para assim viverem no amor mútuo e fraterno. E diante da minha humanidade quero agora tentar responder as perguntas que fiz anteriormente, seguindo o meu coração humano. E também visando essas duas vidas tiradas do meio do convívio de muitas pessoas.

Quando ocorre uma situação desta uma das perguntas que fazemos no desespero é onde está Deus. Queridos, Ele está do nosso lado! O fato é que as pessoas muitas vezes se utilizam do livre arbítrio de uma maneira arbitrária, tornando a liberdade que Deus nos dá em libertinagem. Um dia eu ouvir um padre amigo meu dizer em uma missa celebrada para uma jovem que fora assassinada por uma bala perdida: “Isso não era o desejo de Deus, passa por Deus, pois tudo passa por Ele, mas foi na livre vontade do homem”. A beleza do amor de Deus nesta situação está na credibilidade que Ele nos dá, ou seja, nos concede a oportunidade de escolha. Isso é uma prova de amor, pois ele nos deixa livres, não veda-nos para as nossas escolhas, muitas vezes infelizes. Deus está ao nosso lado, ao nosso meio, por nós. Mas o homem acaba excluindo Deus, e onde não há amor Deus não está, logo não reina a alegria. Mas Deus não ama a todos? Clarividente, mas esse amor acaba sendo sufocado pela ambição, não deixando manifestar-se.

Perguntamo-nos: O que leva o homem a tanta violência? É nesta ocasião que eu desejaria está dentro do coração dessas pessoas para falar ao mundo com mais veracidade do sentimento que ocorre dentro daquele ser diante de uma atitude infeliz, impensada, ou até mesmo maquinada, calculada. Mas só Deus conhece o interior de cada um, e sabe como cada um se sente. Mas na nossa curiosidade, no desejo de conhecer o outro e até mesmo de nós conhecermos, levantamos diversas hipóteses: foi por ciúmes; foi por vingança; foi por desespero; foi sem querer; foi por amor (veja só, existem pessoas que alegam isso); foi simplesmente porque quis, não mais aguentava tal situação ou pessoa; enfim, por diversas situações. É complicado saber o porquê realmente do acontecido. Assim como no caso da professora, o suspeito do crime foi o seu ex-namorado que não se conformava com o fim do relacionamento. Incrível como pessoas se prendem a situações que não são algo definitivo, toma aquilo como a única coisa de sua vida. Assim como o padre misteriosamente assassinado, onde não entendemos o porquê de matar alguém que está para o serviço de Deus, pelo seu ministério. Meus caros, às vezes é preciso buscar não entender, pois quanto mais procuramos entender atitude de pessoas que destroem vidas, abre em nós lacunas para uma desesperança de um mundo de amor. É preciso que façamos destas realidades o desejo de deixar-se envolver pelo amor misericordioso de Deus, buscando, por tanto, meditar sobre nós mesmo, pois somos humanos, e não estamos dispensados de sermos seduzidos pelas forças malignas a atitudes infelizes. E é em Deus que achamos a força, a segurança e assim podemos começar a entender o amor reinante de Deus.

Como ficam pessoas depois de vidas tiradas, roubadas por mãos humanas? Essa parece ser uma dor irrevogável. Ter alguém ali tão forte, ativo na vida de muitos, pessoas de ênfase na sociedade, ou até, mesmo em uma família sendo retirada do convívio de uma maneira tão inesperada. Pessoas que passaram deixando marcas de bons trabalhos, e de um amor que demonstrava a presença de Deus por seus atos e ações. Há, primeiramente o sentimento nato da pessoa humana por perca, a dor; ai vem à revolta; a insegurança; o desejo incessante de justiça; o medo; o desespero. Doeu-me tanto ver na reportagem o jovem filho daquela professora chorando desesperadamente a perca de sua mãe, da sua heroína (assim temos nossas mães). Ver que naquele momento o porto seguro daquela criatura havia desabado, simplesmente por imaturidade, infelicidade de um homem que não no pensou no amor por si próprio. Também não olhou a importância daquela mulher para sua família. Deixou, portanto, que o desejo de tê-la para si tirasse-a do meio daqueles que precisavam dela por perto. Infelizmente não podemos mudar mais esta realidade, mas ver a realidade de uma nova maneira, na busca por justiça, na busca de deixar-se imergir no amor de Deus. Assim como o padre, que tanto servia ao povo, rebanho de Deus, o qual lhe fora confiado. Saibamos que antes de existir nele um sacerdote, existia um ser humano. E todo ser é limitado. Não podemos julgar, antes de conhecer o real motivo do crime. Não é só neles que cabe analisar toda esta situação, mas na realidade que nos circundam todos os dias.

Possamos, diante da incredulidade, da ausência da presença de Deus em tantos corações, deixar-nos envolver por um amor irrevogável, inigualável, um amor misericordioso que é o Amor de Deus. Deixemo-nos meus caros irmãos e irmãs que Deus se faça presente em nosso meio, e isso só é possível se deixarmos que o amor seja constante em nossas vidas. Comecemos, por tanto em nosso lar, onde deve existir o amor maior, para consequentemente, esse amor estender-se no dia-a-dia. E onde estiver reinando a caridade, reina o amor, e assim Deus se faz presente, pois fomos capazes de deixá-Lo se fazer presente.

Assim como escreveu São Paulo aos Coríntios quero terminar esta reflexão. E dizer-vos: Deixem-se envolver por um amor imbatível e fiel, amor este que tem por nome DEUS.

“O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1Cor 13, 4-7)


Art. 001 de 27 de Outubro de 2010
By Renato Ralph