Em certa ocasião, no meu trabalho, uma pequena situação levou-me a refletir acerca da submissão do ser humano a certas situações. Aconteceu que, pegando uma folha de papel, na tentativa de cotá-la, sem levar em conta minha atitude perfeccionista, sempre o corte estava saindo errado, e já em uma atitude de raiva exclamei: “eu fui feito para dominar este papel e esta tesoura, eles não podem ser mais poderosos de que eu!” E foi desta situação que me veio o desejo de escrever nestas linhas situações que nos mostram que somos capazes de dominar diversas coisas. E perguntando a minha colega de trabalho se as coisas nos dominavam ou se nós as dominávamos, ela sutilmente respondeu que as coisas nos dominam. E então, será que podemos ser dominados?
Meus Caros, há certas ocasiões, que por conveniência, situação do momento, desinteresse, ou coisa parecida, acabamos sendo dominados. Pergunto, a internet é capaz de dominar? Posso até dizer que estou correto, ou não? Mas na verdade, fomos criados para dominar os objetos e as criaturas, assim como fala em Gênesis (Gn 1, 26-28), na criação do mundo. Mas não quero me deter a esta dominação outorgada por Deus, mas, dominações do nosso dia-a-dia. Voltando a falar da internet, está é uma situação que nos cabe deixar ou não ser dominado por ela, que é o mais provável. Acabamos que nos deixando envolver-nos pelas facilidades, distrações, atrações, prazeres e uma diversidade de coisas que obtemos da mesma. Mas saibamos que só vamos até onde desejamos e sonhamos ir, nada mais além de que uma vontade primeira.
Fiz questão de expor logo de início a questão do mundo virtual, pois é clara e real de uma dominação sobre nós. Mas na verdade, quero levar o não deixar-se dominar através de um jovem amigo meu, o qual partilho tão profundamente minha vida e amizade para com ele. Pois bem, antes de conhecer este meu amigo, através de outros amigos, conheci uma situação desta pessoa que me chamou atenção e despertou o desejo de sempre deixar que certas situações ou condições não nos torne submissos. É um jovem de 21 anos, portador de uma doença denominada epilepsia, que é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível, que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas (disritmia cerebral paroxística). Ao me contarem esta situação, conhecendo-o, e ouvindo de sua própria boca que a epilepsia que lhe acompanhava não podia tomar conta de sua vida, ao contrário de ver pessoas que não tinha a coragem de dizer que era epilético, mas ele que tinha a autonomia de controlá-la, sem deixar que isso lhe levasse a se um coitadinho e necessitado de atenção. Vi que dele emana o desejo de ser mais de que qualquer situação. Vi através do seu jeito simples, que não havia nele traços de vergonha, mas sim um grande exemplo de coragem, serenidade e estimulo para muitos. Conheci pessoas que também passam por situações semelhantes, mas havendo ai uma diferença, eles deixavam que a doença se tornasse visível, por temer a chacotas e indiferenças, de ver que os outros os observam como o doentinho, o coitadinho.
Para mim, é interessante relatar um pouco desta história pelo fato de ver muitas pessoas e vidas destruídas por não terem a coragem de enfrentar situações difíceis, aparentemente irreversíveis, porém nada nos é impossível, acabando assim, entregando-se ao simples fato de um ser fraco e submisso às dificuldades da vida. Deixar-se envolver por uma atitude de coragem, é deixar que nada seja superior a você, e que em nada possa inexistir a possibilidade de luta, de fortaleza, de um ser que grita: “Eu sou uma força invencível em Deus e com os meus, criatura feita para dominar coisas e situações, desde que pareçam difíceis, deixando-se dominar pela força maior que vem de Deus, ou seja, que é Deus, e é através desta dominação que vem a coragem de uma luta constante. Nesta batalha o vencedor tem que ser EU”. Não deixe que nada sufoque o direito de viver constantemente a felicidade sem dominações. Viva, lute e veja que você é sempre mais. E fica uma questão que só você será capaz de responder e passar a viver a sua resposta: Se dominado ou se domino?
Art. 002 de 03 de Novembro de 2010
By Renato Ralph